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29 de Junho 1958: O dia em que o Brasil virou grande no Mundo do Futebol

Foto do escritor: Flavio VieiraFlavio Vieira

Djalma Santos, Zito, Bellini, Nilton Santos, Orlando e Gilmar; Garrincha, Didi, Pelé, Vavá e Zagallo ( além do Massagista Mário Américo ).


A foto acima é de antes da partida final da Copa de 1958, disputada no Estádio Rassunda, em Estocolmo capital da Suécia. E completa 64 anos hoje. Aquela final foi disputada em um campo pesado, devido as chuvas torrenciais ocorrida até poucos instantes do ponta pé inicial na "peleja". E os suecos, que seria teoricamente favorecidos, resolveram de todas as formas secar o campo, usando esponjas, baldes e rodos.


A campanha em campos Suecos foi marcada com altos e baixos na primeira fase. O time que entrou em campo no dia 08 no Estádio Eddevalla, na pequena Rimmersvallen, para encarar a outra poderosa Áustria. Venceu com sobras, por 3x0 mas sem agradar. Dado curioso: onde era possível escalar um jogador branco, foi feito. Os gols foram de Mazzola ( 2 ) e Nilton Santos, numa das grandes histórias daquelas Copas: não era costume lateral passar do meio campo. O Técnico Feola, ao perceber a passagem de Nilton Santos, grita desesperado: "volta Nilton, volta". Após o golaço, ele gritou: "boa Nilton, boa".


Na segunda partida veio o jogo duro, contra os Ingleses. E saiu o primeiro 0x0 das Copas, devido as negociações de certos jogadores com times italianos, sobretudo Mazzola, que perdeu gols incríveis. Com isso a decisão da vaga ficaria para o confronto contra os Russos, estreantes em Copas e que vinham com mistério e teorias de que os jogadores em fabricados em laboratórios. Mas 3 mudanças seriam feitas e é justo dizer que sem elas o Brasil não venceria no dia 29...


Nilton Santos, Bellini e Didi cobrou pelas entras de Pelé ( no lugar de Mazzola ), Zito ( no lugar de Dino Sani ) e de um tal de Garrincha ( no lugar de Joel ). Todos ficariam no time até a final, e seguiriam juntos na Seleção até o Mundial da Inglaterra em 1966. E naqueles 3 minutos iniciais da partida a Copa viveu o que se conhece até hoje com os mais espetaculares da história das Copas. Abaixo relato de Ruy Castro, em sua Biografia sobre Garrincha:

Monsieur Guigue, gendarme nas horas vagas, ordena o começo da partida. Didi centra rápido para a direita: 15 segundos de jogo. Garrincha escora a bola com o peito do pé: 20 segundos. Kuznetzov parte sobre ele, Garrincha faz que vai para a esquerda, não vai, sai pela direita. Kuznetzov cai e fica sendo o primeiro João da Copa do Mundo: 25 segundos. Garrincha dá outro drible em Kuznetzov: 27 segundos. Mais outro: 30 segundos. Outro. Todo o estádio levanta-se. Kuznetzov está sentado, espantado: 32 segundos. Garrincha parte para a linha de fundo. Kuznetzov arremete outra vez, agora ajudado por Voinov e Krijveski: 34 segundos. Garrincha faz assim com a perna. Puxa a bola para cá, para lá e sai de novo pela direita. Os três russos estão esparramados na grama, Voinov com o assento empinado para o céu. O estádio estoura de riso: 38 segundos. Garrincha chuta violentamente, cruzado, sem ângulo. A bola explode no poste esquerdo da baliza de Iashin. E sai pela linha de fundo: 40 segundos. A plateia delira. Garrincha volta para o meio do campo, sempre desengonçado. Agora é aplaudido.

A torcida fica de pé outra vez. Garrincha avança com a bola. João Kuznetzov cai novamente. Didi pede a bola: 45 segundos. Chuta de curva, com a parte de dentro do pé. A bola faz a volta ao lado de Igor Netto e cai nos pés de Pelé. Pelé dá a Vavá: 48 segundos. Vavá a Didi, a Garrincha, outra vez a Pelé, Pelé chuta, a bola bate no travessão e sobe: 55 segundos. O ritmo do time é alucinante. É a cadência de Garrincha. Iashin tem a camisa empapada de suor, como se já jogasse há várias horas. A avalanche continua. Segundo após segundo, Garrincha dizima os russos. A histeria domina o estádio. E a explosão vem com o gol de Vavá, exatamente aos três minutos.”


O relato corre o mundo em todas as línguas possíveis. Quem esteve naquele estádio viu algo que virou lenda. Viu o Futebol Arte nascer. Viram o Brasil tornar-se grande. Vavá faria outro gol no segundo tempo, mas ficaria de fora da partida seguinte, devido as pancadas sofridas. Mas o Brasil venceria Gales por 1x0, gol de um certo Pelé. Passaria pela França por espetaculares 5x2, com três do menino que os franceses tornariam Rei nas reações da imprensa. E chegaria na final... contra os donos da casa.


Até então somente o Brasil perdera uma final jogando em casa. Quem fizera o primeiro gol tomara a virada em todas as finais até ali. Ninguém vencera uma Copa fora do seu Continente ( e somente Espanha em 2010 e Alemanha em 2014 repetiriam isso ). Mas um outro fato causou temor na delegação: ambos os times usavam camisas amarelas e calções azuis, logo alguém teria que mudar de roupa. Acontece que mesmo tendo feito uma grande preparação como nunca antes, o Brasil não tinha até aquele momento um segundo uniforme. Desde 1952 usava o padrão "canarinho" e não precisara trocar de padrão.


No sorteio realizado no sábado, o Brasil perdeu. Pânico instalado, pensamentos como "nunca vencemos nada e ainda teremos que trocar as camisas". Ai o Dr. Paulo Machado de Carvalho, que viraria o Marechal da Vitória, foi a uma loja e comprou camisa azuis e disse a todos: venceremos porque usaremos o Azul do Manto de Nossa Senhora Aparecida". Como todos eram Católicos, se acalmaram e ficaram esperançados. Não só de bola ganha-se uma Copa... Mário Américo, o Massagista, e outros membros da equipe passaram a noite recortando os escudos das camisas amarelas e costurando-os nas azuis.


No domingo, o Brasil virou a partida para 5x2 com diversos momentos memoráveis: como lances praticamente iguais de Vavá, os 2 gols de Pelé ( um deles num chapéu incrível e outro numa cabeçada precisa ) além de um marcado por Zagallo. Na premiação, um fato curioso gerou o gesto de erguer a Taça acima da cabeça: muitos fotógrafos não conseguiam ver Bellini. Alguém teria gritado: levanta ela ai... e pronto, a história se fez. Abaixo a imagem retratada:

Em jogo tão importante, existem ainda três fatos marcantes:

- Pelé prometera ao seu pai, Dondinho, que vingaria o choro dele pela derrota ante o Uruguai em 1950!!!

- Zagallo era um soldado do Exército e estava de serviço no Maracanã naquele fatídico 13 de Junho. Não apenas foi titular em toda a Copa na Suécia, como marcou um gol na final!!!

- Para encerrar o Brasil inauguraria também a volta Olímpica em finais de Copas. E fizeram isso com a bandeira da Suécia, como forma de agradecimento pelo apoio durante a Copa e até mesmo na final. Abaixo a festa dos brasileiros:




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