
Como falei nos textos anteriores, o cenário externo era complexo e internamente Jango deu sinais aos montes para um Golpe. A somatória disso foi um atraso de décadas, com efeitos vistos até os dias atuais.
Para começo de conversa, o Golpe deu-se no dia 01 de Abril de 1964. Quando viram que não pegaria nada bem, mudaram a data para 31 de Março, porque algumas tropas receberam ordens ainda nos últimos instantes na noite daquele dia. Mas foi durante o dia da Mentira, que as tropas tomaram conta das ruas, ocupando as principais capitais, depondo e prendendo Governadores. Jango, que estava no Rio, ensaia uma resistência que não dura nem mesmo um dia. Vai para Porto Alegre e de lá para o Uruguai.
No Congresso , no dia 02, é dado como vaga a Presidência e quem assume e Raniere Mazzilli. Curiosamente pela segunda vez em 4 anos ele assumia o Cargo, por ser Presidente da Câmara dos Deputados. Onde ficaria até o dia 11, quando o Marechal Humberto Castelo Branco tornaria-se o primeiro dos 5 membros do Exército no comando do Brasil. Ficaria até 1967 e era um dos defensores de devolver o poder aos civis. Morreria pouco depois de passar o cargo para Costa e Silva em situação controversa até o dias atuais.
Costa e Silva "morreria no cargo" e isso gerou mais controvérsia: Pedro Aleixo, o Vice quis tomar posse e foi impedido. Uma Junta ficou no seu lugar até que Emílio Garrastazu Médici fosse eleito. Não sem antes a instituição do nefasto AI-5 em 1969. Com Médici vieram os anos de chumbo, de péssima lembrança e que criou as bases para nossa pobreza atual. Geisel foi eleito para abrir, mas recuou apenas as eleições de 76 e por fim Figueiredo entregou o Brasil quebrado e na Hiperinflação.
Românticos defendem a Ditadura Militar, mas nada de bom ela produziu. Ficamos mais pobres e em ilhas, sobretudo as educacionais. Repressão, mortes e censura foram os resultados. E ainda temos os que queriam apenas trocar a cor da Ditadura se vendendo como defensores da Democracia. A cisão que temos hoje em dia foi gestada nos 21 anos de Ditadura. E não findou-se com a eleição de Tancredo Neves, muito menos com a de Collor de Mello.
E chegando perto do fim, lembro que apoiadores do Golpe, como Carlos Lacerda ficaram contra os Militares, porque a ideia não era uma Ditadura longa, mas sim impedir a volta de JK. É curioso lembrar que Lacerda morreria amigo de JK e ferrenho crítico do Golpe. E não tenho como falar de tantos que foram exilados ou morreriam. E todos os mortos, pelos 2 lados. Costuma-se lembrar apenas os de um lado... eu lembro de todos.
Minha conclusão final é: fosse o Marechal Lott o eleito em 1960, esta nação seria outra. Com toda a certeza... Jango e os Militares nos jogaram no atraso e isso custa caro até hoje. E seguirá cobrando seu altíssimo preço por muito tempo.
Comments