
Algumas vezes, o resultado não é decidido dentro de campo. Algumas vezes certas artimanhas, umas legais outras não, são usadas pelos times para vencer uma Copa. Esta série, retratará alguns destes casos. A maioria, claro, são extremamente vergonhosas, como a que abre esta série.
Argentina faz 6x0, mas faria 20 se fosse preciso em 1978
Nem sempre a Copa foi como a conhecemos hoje em dia. A rigor somente de 1986 - no México - para cá é que o modelo atual foi implantado: uma fase de grupo, oitavas, quarta, semi e final. E um dado importante: com partidas decisivas de grupos no mesmo horário e partidas eliminatórias a partir daí.
Em 1978 na Argentina, pela segunda vez existiria uma fase de grupos após a tradicional primeira, com os 8 times classificados jogando em turno único, e os campeões ficando com a vaga na final. Parecia mais justo do que ser eliminado em uma única partida, como vinha sendo entre 1954 e 1970. Acontece que na - então - Alemanha Ocidental, não teve picaretagem nas quartas ( embora os anfitriões até hoje sejam acusados de terem perdido para os Orientais para não encararem Brasil, Argentina e - sobretudo - a Holanda ). E as duas Seleções com chances se enfrentaram na rodada final. Já na Argentina...
Brasil e Argentina jamais se bicaram e não seria valendo vaga na Final que isso ocorreria. Ambos venceram suas partidas na rodada de abertura ( Brasil 3x0 e Argentina 2x0 ) e empataram na segunda, na chamada Batalha de Rosário, por 0x0. Assim sendo, a rodada final veria brasileiros e argentinos disputando a vaga contra, respectivamente, Polônia e Peru. Só que lembra que somente em 1986 as partidas decisivas passaram a serem realizadas no mesmo horário? Pois é...
Brasil e Argentina foram segundos colocados em seus grupos da primeira fase, assim sendo caberia ao Peru - sim, isso mesmo - ser o cabeça de chave. E o jogo deste, portanto, fecharia o grupo... contra os donos da casa!!! Pois é... o Brasil jogou primeiro e fez 3x1 na bem montada Polônia, que ficara em terceiro quatro anos antes, derrotando justamente o Brasil. Com isso, os Argentinos sabiam de quanto precisariam vencer: 4 gols de diferença, uma vez que o saldo do Brasil era maior: 5 contra 2, além de levarmos vantagem nos gols marcados ( 6 contra 2 ). Mas...
Antes de prosseguir é preciso dizer que nosso vizinho vivia uma violenta e sangrenta Ditadura Militar, que suprimia todos os direitos e queria aquela Copa para se consagrar perante o Mundo. E que o Presidente da FIFA era o brasileiro - e amante de Ditaduras - João Havelange. E por fim, que o Peru também era Governado por Ditadores Militares, que teriam sido muito bem pagos para tomarem os gols necessários para garantir aos donos da casa, jogarem no domingo contra a Holanda a final da Copa. O que custa acreditar é que eram Militares também no Brasil...
No Brasil ainda corria a festa pela volta a final após 8 anos, quando o jogo começou. O Peru até ali era uma sólida Seleção, com alguns veteranos da Copa de 1970 - melhor campanha deles - e com uma nova geração que chegaria ainda a Copa da Espanha em 1982. Era um bom time, tanto que o Brasil penou para fazer 3x0 na abertura. Logo não passava pela cabeça de ninguém que o time Inca fosse levar 4x0.
Levaria 6 e mais tomaria se os argentinos precisassem. A realidade é que se o Brasil tivesse feito 8x1 na Polônia, os peruanos tomariam 9 na gélida noite de Rosário. Primeiro tempo terminou 3x0 e é possível ver jogadores reclamando de companheiros que estavam "se esforçando demais". Fato é que assim que voltaram dos vestiários, tomaram o quarto gol e a festa passou para o lado azul.
Provas da venda do resultado nunca apareceram mas os indícios são grandes demais para passarem despercebidos. Alguns jogadores peruanos disseram que tinham a sensação de que não sairiam vivos do Gigante de Arroyito, local da partida. O resto, é história.
Próximo Capitulo - Sexta: quando um Técnico escalou um time todo reserva e designou um obscuro zagueiro a quebrar um certo Major Galopante.
Comments